Background

Leon se via como um objeto de beleza, alguém pra ser bonito, ser excepcional e ser o exemplo em absolutamente todos os seus hobbies.

Sempre tinha espelhos ao redor e o tempo todo, pois o pai era extremamente vaidoso, e a sua fama de músico era baseada na sua grande aparência. Leon tem uma genética boa dizendo em beleza, os cabelos ruivos são da mãe, Agnes. E os olhos são do pai. Desde pequeno ele sempre foi elogiado pela sua aparência perfeita desde que nasceu..

Porém isso não durou muito, Leon nunca quis parecer bonito pra ninguém, e isso o cansava demais, porque ele só queria ser uma criança normal.

Quando ele era menor, ele frequentava uma escola de ski, na sua cidade. E como todo mundo o conhecia por causa do seu pai, era quase impossível ter alguma aula normal sem ninguém o atrapalhe o tempo todo. Tanto que ele venceu apenas um campeonato, mas teve que fazer uma ficha de inscrição falsa para poder entrar, porque seria extremamente injusto competir com uma pessoa extremamente famosa. Era assim que ele pensava.

Naquele mesmo dia, após o campeonato, ele volta pra sua casa, como se nada tivesse acontecido (ele mentiu para os pais que iria estudar na casa de um amigo), e chega normalmente na sua casa pela porta dos fundos.

Algumas horas depois, no seu quarto, ele escuta mais discussões, aquilo já era normal naquele ponto. Espen não era fiel com a sua esposa, e com os shows que ele fazia, ele pegava inúmeras mulheres, no tanto que ele se casou com uma e teve outros dois filhos. Agnes não suportava mais ele longe da família, sendo infiel e sendo muito distante do seu filho. – A esse ponto, a relação dos dois era conturbada, pois espen arrastava o garoto pra seguir os mesmos passos dele, mas não era o que o menino queria, e acabavam em discussões sérias. Leon não se sentia mais feliz consigo mesmo, olhar para o espelho não era mais o mesmo pois nem ele se via mais lá, ele não era mais ele. Ele quebrou o próprio espelho do quarto. – E essa discussão foi longe demais.

Espen estava alterado, e com isso começou a agredir a esposa, arrastando-a pro quintal dos fundos da casa na noite fria e nevada da cidade.

Leon viu tudo.

Por trás, ele pega um machado que estava fincado em uma tora numa cabaninha onde ficavam algumas toras maiores de estoque, que era usado para cortar madeira nos dias mais frios que o próprio já usava.

Ele entra na casa com o machado em mãos, caminhando da cozinha pra sala. Ele espera o homem entrar na casa (isso era tão rotineiro, ele batia na mulher fora de casa, e a fazia ficar do lado de fora, que ele já sabia o que acontecer independente da situação, e ele queria acabar com isso o mais rápido possível)

Aí a briga rola, o pai fica pistola com sangue nos olhos e decide que vai matar ele. Leon corre pra cima pro quarto e o pai vai atrás, e os dois se batem no quarto dele, e quebra o vidro da escrivaninha, que dá o arranhão no rosto do nosso ruivinho (na hora sangrou pra porra pq teve uma parte q o corte foi extremamente profundo)

a putaria rola, e o pai dele bloqueia ele no chão com o próprio machado no pescoço dele, e ele lutando pela vida ali dá um impulso (é aqui que as aulas de ski entram, ele fazia muito isso com o grupinho de amigos dele) e o manda pra trás

aí no soco mesmo ele vai e dá três no rosto e deixa ele desacordado

então ele pára em pé.

Estava uma bagunça em volta dele, como ele ia contar o que aconteceu pros irmãos? o pai dele tinha morrido? o que ele queria naquele momento? Vingança? Justiça? Culpa? E se a polícia chegar aqui?

mas, não era o propósito matar ele?

Ele pega o machado que estava jogado embaixo da cama.

Ele ainda tá desacordado.

Ele respira fundo.

"Você merece isso."

ele se agacha

começa a dar as machadadas, inúmeras vezes, em todas as partes, principalmente no rosto, com o rosto coberto de ódio e repúdio.

As lágrimas saem como uma libertação, como se tivesse na última vez que era feliz, naquele dia de chuva fraca com o arco-íris junto a mãe. A saudade era imensa (eu posso contar sobre essa lembrança de infância se quiserem)

Então ele acaba, levanta sua cabeça para a porta e os irmãos estão ali, horrorizados com a cena com o celular na mão. Ele ignora, e vai tentar checar a Agnes.

Ela estava um pouco longe da casa, no quintal, tem meio que um caminho que leva para um precipício na parte da montanha, ela tava tentando ir pra lá, mas se arrastando. Espen quebrou as pernas dela.

Ele viu que ela estava tentando se rastejar, mas ela tava perdendo muito sangue, então ficou um rastro visível enquanto ela agonizava e ele finaliza com o pai dentro da casa.

Ele correu para ela, a abraçou como se fosse um bebê, o bem mais precioso que ele tinha, a pessoa mais especial que ele tinha.

Agnes faleceu em seus braços. Ele sentia que havia tirado a vida de sua mãe, mas também sentia alívio em não ter que lidar mais com o pai abusivo.

Mas era tarde demais, ao ver ela com o rosto tão sereno e tranquilo, a realidade de tudo que tinha acontecido começou a pesar sobre ele, e a culpa o consumia.

Ele sabia que teria que lidar com as consequências de seus atos, e a realidade de estar sozinho no mundo. O medo do que poderia acontecer com ele começou a surgir em sua mente, mas ele sabia que teria que enfrentar essa situação.

Não deu tempo de fazer muita coisa, aconteceu tudo muito rápido.

Então depois disso a vida dele ficou pior do que tava, e foi parar no orfanato (ele era menor de idade quando isso aconteceu), porque as duas famílias incluindo os irmãos CAGARAM forte pra ele e ele foi parar literalmente no outro lado do mundo (Noruega-Brasil) , onde ninguém falava a língua dele.

Carta.

Eu espero que ninguém leia isso. Eu realmente espero que ninguém leia isso.

Existe alguém atrás de mim, me observando em silêncio, sem um propósito exato ou qualquer resquício de prazer em realizar o ato. Não há um motivo, mas eu sei que tem algo atrás de mim, ainda assim.

Eu sei que existe algo me observando porque meus olhos tremem, meu sangue ferve e meu pulso acelera, estímulo que a eras salvou meus antepassados do perigo, da luta, das ameaças. O sentimento tão ruim crescente em meu peito é o mesmo que impediu os humanos de correrem riscos e serem instintos, mas, ainda assim, eu imagino que, seja lá o que estiver me observando, não é natural.

Eu não vou conseguir fugir disso. Eu não vou conseguir lutar contra isso. Isso é uma ameaça desconhecida por qualquer animal, entidade ou deus que exista. Eu tenho certeza de que sou o primeiro a sofrer nas mãos deste ser, porque, por mais impossível que pareça, ele tem a exata mesma aparência de quando me olho no espelho.

Algo bateu na porta.