A solidão de Rimi


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NeoError
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2 years, 3 months ago
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O começo de sua existência e como se tornou a mulher que é hoje.

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Uma pequena garota foi levada de Heaolu quando nasceu, as pressas, sendo levada para um lugar tão longe que nem mesmo a própria saberia o porque estaria ali no futuro.

Rimi foi fruto de uma troca, uma destino com surpresas. Seus pais não poderiam cuidar dela em Healou, quase não poderiam cuidar de sí mesmos e ela foi algo indesejado e que nasceu em surpresa. Uma criança perdida, procurando carinho em meio a pais confusos que trocaram-na por um punhado de peixes frescos. Assim Rimi, a pequena Eilin comum foi parar em Aurora Village. Foi por anos vista de má forma por valer apenas alguns peixes, maltratada e zombada pelas outras crianças, tratada como algo descartável enquanto ajudava na pesca para passar o dia fora de sua humilde casa.

Seus pais adotivos também não eram os mais receptivos com a garota: para seu pai, o pescador que a havia trocado acreditando que fosse um menino, ela era apenas outra criança perdida que não importava para ninguém que vivia lá, muito menos para ele; Já para sua mãe, uma humilde porém ignorante dona de casa, Rimi não deveria expressar seus sentimentos e muito menos sentir: Ela era proibida de ter hobbies, proibida de se expressar e, acima de tudo, de interagir com pessoas da sua idade para que não se apaixonasse e trouxesse mais problema para a pequena casa. Seus olhos tiveram um novo vislumbre quando viu as tintas usadas para tingirem roupas. Queria tocá-las, sentir a textura e descobrir o que era... E então o fez. Fez seu primeiro desenho em um pedaço de madeira molhado, era apenas um rosto sorrindo, o que fez a mesma também sorrir. A textura era deliciosa, secava rápido e se tornava mais espessa, o cheiro era nauseante e a garota poderia sentir aquilo o dia todo, assim como os sons que vinham de dentro de uma casa ao lado daquele estreito e escuro beco. Ela não sabia que sons eram aqueles, mas sabia que algumas crianças haviam falado sobre algo chamado música que carrega seu corpo sem voce equer perceber... Aquilo era música? Era bom. Era forte. Rimi encostou na parede e deslizou até o chão, encarando o sorriso desenhado que estava sendo apagado pela chuva enquanto os sons estouravam na casa atrás da mesma. Ela estava feliz.

Alguns dias após conheceu outro Eilin, um que ela nunca havia sequer visto. Ele cantava e dançava, tinha roupas coloridas e chamava atenção de crianças curiosas e mães bravas... O único que não cheirava a peixe naquele buraco que vivia. Se aproximou e ouviu sua canção, na qual o Eilin tomou a garota pelas mãos e colocou ela encima de seus sapatos, cantando e dançando enquanto ela ria, prestando atenção em sua música que dizia sobre estrelas e deuses. Rimi entrou em seu pior estado quando viu o homem sendo expulso da pequena vila. Ele a fazia feliz, sua música a deixava quente e seus sapatos encima dos dele deixavam a garota sonhar que estava dançando.... Assim ela mudou. Começou a desenhar escondida e ensinar as crianças da vila, também na mesma época se disfarçava e entrava escondida no bar para beber e ouvir música... Que saudades do homem colorido... Em seu último dia na vila trombou com seu pai enquanto bebia escondida, ele a reconhecendo e arrastando a menina pelos cabelos até a casa. Ela chorava com seu peito doendo em busca de liberdade enquanto o homem colocava os trapos de roupa da garota em uma trouxinha e jogava na rua, expulsando-a sem uma palavra sequer.

Seguiu por dias, dormiu em caravanas com eilins viajantes, aprendeu que tipo de música era sua favorita e aprendeu sobre sentimentos. Quando cansou apenas pulou para fora da carroça com roupas que os viajantes haviam feito para ela e respirou fundo, vagando por lugares que a mesma não fazia idéia. Sua viagem incessante e sua bússola mental quebrada por dias arrumaram um local para ela viver e por fim levaram a menina até uma pequena escola com crianças saindo. Era um local pequeno, porém emanava algo que ela não sabia o que era; se aproximou e viu um homem bem maior que a mesma... Seu sorriso lembrava o sorriso do homem que fez ela cantar e dançar, porém dessa vez este fazia o coração dela bater mais forte, fazia seu corpo ficar quente e formigando... Ela olhou para o homem cercado de crianças e algumas eilins adultas, ele apenas sorria e conversava com a maior inocência com os demais, sem sequer perceber que a pequena Comum o olhava de longe com os olhos brilhando e um sorriso apaixonado.... Apaixonado? Amor? Era assim que era o amor que falaram na caravana? Seria possível ela amar alguém assim, sem se sentir proibida e presa...?

Percebeu o local esvaziando e o homem se movendo para fechar os portões quando ela correu até ele, saindo de seu transe. Ambos pararam, encarando o outro. O homem Raro parecia confuso e Rimi respirava fundo para não gaguejar. ''Oi... Eu vi você com as crianças... Eu sei lidar com crianças, sei ensinar a desenhar.... Posso trabalhar aqui?'' Rimi disse de uma vez, sem parar para respirar como se o coração dela fosse sair pela boca a qualquer momento. Ele sorriu, talvez precisando de mais um professor e não notando o rosto corado da mulher, acenando com a cabeça pronto para entrevistar a mesma para julgar se ela seria boa no que havia dito. ''Ah, prazer, meu nome é Rimi.''