Moonlight Rain


Authors
devaneios
Published
5 years, 5 days ago
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Esta oneshot foi originalmente escrita em 2017. Uma pequena história sobre meus OCs Allen e Míriel, e o luar em uma noite chuvosa. Baseado em um desenho do marlonspoons feito em 2013. Update 2020: Eu atualizei o cenário.

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“Eu não consigo dormir.” O rapaz de cabelos rosados, Allen Crescent, sussurrou para ninguém em particular, se revirando na cama. Ele não estava acordado a muito tempo; mas estava acordado tempo o suficiente para perder o sono. O som alto do aguaceiro lá fora batendo contra o solo e o telhado o incomodava.

E, ademais, aquela não era a cama na qual ele estava acostumado a dormir – ele não conseguia se aconchegar no colchão. Aquele quarto estranho não lhe pertencia. Aquela cidade não era onde ele vivia.

Ele não se sentia bem lá.

Allen já estava viajando com seu primo Soren a alguns meses, mas ele ainda não conseguia se acostumar com lugares desconhecidos com a facilidade que seus companheiros tinham. Ele não era o tipo de viajar.

Allen sentou-se na cama, abrindo os olhos. O quarto estava bem escuro – ainda era de noite e o céu estava nublado por causa da chuva - mas ele podia ver ao redor com a luz dos relâmpagos que estouravam de vez em quando. Ele estava numa pousada, viajando com seu primo, e a equipe deles havia ganhado uma nova componente recentemente – uma garota chamada Míriel Regenfall, que por sinal não estava na cama dela no outro canto do quarto.

Aonde ela tinha se metido?

Talvez contra seu melhor julgamento, o jovem levantou-se, e saiu descalço e com passos lentos à procura dela. Ele olhou por todo dentro do estabelecimento, mas não havia sinais da garota. Será que ela tinha ido lá fora?

Ele hesitou, incerto se ele devia procurar lá fora. Será que ela estava em perigo? Se sim, não seria melhor acordar o Soren e os outros?

Mas antes que percebesse, suas pernas já haviam o levado para o lado de fora. Ele estava usando apenas as suas roupas de dormir e se sentia envergonhado em sair assim, mas era tarde da noite e ele tinha certeza que ninguém iria o ver.

Aquele lugar era localizado numa cidade pequena, cercada por uma floresta. A garota já havia mencionado que ela amava florestas e a natureza – pois ela era um espírito da terra, ou pelo menos foi isso que Allen ouviu – portanto o rapaz imaginou que ela estaria lá. Mas ele não iria muito longe – tinha medo de se perder.

Ele adentrou a floresta, e lentamente começou a tatear ao redor, procurando usar as árvores como guias. As folhas das árvores bloqueavam um pouco da chuva, e felizmente os relâmpagos o ajudavam a iluminar o caminho um pouco. Os passos de Allen eram leves e cuidadosos – a grama molhada tocando os seus pés descalços era desagradável, e ele tinha medo de pisar em algum galho ou algo pior por acidente.

“Eu deveria ter trazido uma lanterna,” reclamou para si mesmo, enquanto seguia adiante. “Talvez até um casaco.”

Logo, se deparou com uma clareira ao longe, e percebeu que a luz da lua fracamente iluminava o espaço – naturalmente, ele seguiu naquela direção.

Míriel estava lá, apenas usando uma camisola amarelada. Ela tocava no tronco de uma árvore, e tinha os olhos fechados, como se estivesse meditando e deixando a chuva lavar o seu corpo. O jovem rosado ficou perplexo, observando a delicada figura da garota que parecia perfeitamente em harmonia com a floresta. Era como se ela brilhasse, sendo iluminada pela luz da lua. O rosto de Allen corou, e ele sentiu como se suas pernas tivessem sido enterradas no chão. Sem palavras, ele ficou ali – admirando a beleza daquela jovem de cabelos alaranjados.

Algo em Míriel o fazia sentir algo estranho, ele percebeu, mas ele não sabia exatamente o que. Eles estavam viajando juntos a pouco tempo, mas ele já tinha muita consideração por ela. Por incrível que pareça, Allen já podia dizer que ele adorava a ter por perto, e sua presença acalmava seu coração. Talvez era porque ela era modesta e gentil?

Mas um calafrio repentino acompanhado pelo som ensurdecedor de um trovão o trouxe de volta a realidade, e Allen se deu conta de que o seu cabelo e suas roupas estavam completamente ensopados por causa da chuva, e de que Míriel estava no mesmo estado. A noite e a chuva estavam frias - os dois ficariam doentes se não voltassem para a pousada o mais depressa possível.

“Míriel?” ele chamou.

“Allen,” a garota respondeu com uma voz suave, virando a sua cabeça para olhar o rosado, com uma expressão um tanto surpresa. “Você veio me procurar? Por quanto tempo estive aqui fora?”

“Eu não sei, não vi quando você se levantou. O que está fazendo aqui? Você pode pegar um resfriado,” disse querendo dar uma bronca nela. Enquanto falava, ele se aproximou da jovem.

“Eu quis vir e conversar um pouco com a floresta e sentir o toque da chuva. Me lembra da minha infância – eu costumava fazer isso quase toda noite,” ela respondeu sem jeito, sorrindo. “Você se preocupou, não foi?”

A primeira reação de Allen foi desviar o olhar, e tossir desajeitadamente, pois uma cor rubra em seu rosto se tornou evidente. Míriel inclinou sua cabeça, perplexa com a reação do rapaz.

“Foi o Soren quem me mandou te procurar,” tossiu alguma desculpa esfarrapada, olhando para o céu. “Se fosse por mim eu teria ficado dormindo.”

Míriel riu mais um pouco. “Muito obrigada, Allen.”

Os dois ficaram em silêncio por alguns momentos, escutando o som da chuva – isso é, até Allen espirrar.

“Gostaria de voltar agora?” ele finalmente perguntou, fungando e abraçando a si mesmo, tentando se esquentar. “Mas está escuro, e acho que não serei capaz de achar o caminho de volta, já que cheguei aqui praticamente ás cegas.”

“Seria um prazer levá-lo de volta,” a garota respondeu, gentilmente pegando na mão dele. Allen deu um sorriso imperceptível, e deixou a garota guia-lo de volta à pousada.