História de Terror


Authors
kogizumi
Published
5 months, 28 days ago
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Mild Violence
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Desde que se lembra, seus pais sempre foram apreciadores da arte, especialmente as que podiam ser expostas. Pintura à óleo, acrílico, sumi-e, não importa, as paredes de sua casa sempre foram coloridas pelos mais belos exemplos de arte! Tian adorava passar pelo hall dos quadros rodando e apontando coisinhas mínimas que achava nas pinturas seja uma pequena casinha na paisagem ou uma gaivota pescando em águas cristalinas enquanto o casal da obra observava o mar... Era realmente divertido, corria pela casa interpretando como se todos os quadros falassem e fizessem parte de um grande show, um tipo marionete um tanto quanto excepcional, diga-se de passagem. Se perguntava que talvez quando crescesse pudesse fazer algo tão bonito quanto o que vira todos os dias a ponto de seus pais unirem seu próprio quadro com os demais.

No entanto, tinha um em específico que era diferente das demais, mas ainda sim insistia em ficar guardada em um local isolado, sua mãe dizia que não gostava muito daquela e seu pai dizia não saber de onde se originou aquela peça, apenas que já estava ali desde que vieram a se mudar pra onde moral atualmente. Aquilo intrigaria o jovem garoto afinal, o que poderia ser tão ruim assim a ponto de ter que ser esquecido? É apenas um quadro, que mau há? Sem enrolar muito, Tian se bandeou até o cômodo escuro onde a mesma se localizava, era um “quarto de tralhas” eu diria, mesmo que seja uma família grande ainda sim restou um quarto dentro daquela casa onde acabou servindo como um tipo de estoque ou porão onde deixavam algumas coisas que pretendiam vender ou apenas não tinham uso por hora. Estendendo seus pés, a criança puxou o pano branco que tampava a tela, tomando um pequeno susto quando botou seus olhos naquilo. Claro, ele era lindo mas sua natureza era tão... excêntrica? Não, não, era mais do que só isso. Uma figura sombria segurando uma wagasa logo abaixo de uma espécie de árvore com tronco e folhas em vermelho vivo, kimonos tão largos que se arrastavam elegantemente pelo chão e um cabelo ondulado. A pintura inteira era escura, os tons mais fortes davam a impressão de que aquela pessoa estava se encaminhando para um local vazio, um oco. Por alguma razão, por mais que se sentisse de fato incomodado com aquela figura ainda sim não podia evitar de não desviar os olhos. Era tão encantador ainda que infernal. O menino trilhou seus olhos para as bordas da pintura mas nenhuma assinatura foi achada, apenas uma pequena frase borrada; “Pe i ênc a o nde a d s”. Apertou os olhos mas ainda sim sua cabeça não podia conseguir formar uma palavra decente.

— Hnf... Como pode? Não tem nada demais nisso... Não sei por que a mamãe cismou. — Se espreguiçou e saiu dali, jogando o pano de qualquer jeito sobre a moldura empoeirada e voltando ao seu dia-a-dia.

O tempo correu, o dia se foi e a noite surgiu. Já estavam todos dormindo e já passava além das 3 da manhã quando um barulho surgiu no andar debaixo.

— Hm...? — Tian murmurou sonolento antes de por seus pequenos pés no chão e se dirigir ao barulho que vinha da mesma sala.

Lá, a obra se encontrava no chão, sua face para baixo e um papel insistia em vazar pelas bordas do mesmo. O menino se abaixou e pegou, se pondo a ler;

“Ei.

Já ouviu?

A muito muito tempo, um senhor muito bonito vagou por aí

ele era bonito, inteligente e provavelmente vinha de uma família de bom status

ele tinha uma boa fama com as mulheres e os homens o reverenciavam por sua força

um dia, uma pequena dama insistiu em perseguí-lo

queria amá-lo tanto, queria tê-lo para si

pobre garota, ele não sentia nada por ela e sequer ia notá-la

pior, seu desejo deixou-a como estranha dentre a vizinhança.

“Como pode?”, “Por que comigo??” Ela pensava

mesmo me livrando de todos pelo caminho, o esbelto homem da wagasa não a queria

‘Se ele não pode ser meu, então de ninguém mais vai ser.’

‘Terminarei com a vida dele e apenas nos meus quadros vai estar! Ele não terá outra escolha senão me amar, me amar e me amar!! Todos os dias eu o visitarei e para ele sorrirei! ’

ela então se pôs a correr, no meio da noite nas sombras se escondeu, arrancando daquele pobre rapaz seu último suspiro’

Apartir de hoje, você é meu. Sua alma não vai descansar até o dia que você me aceitar, meu amor.

eu te amo eu te amo eu te amo eu te amo eu te amo eU TE AMO EU TE AMO EU TE AMO EU TE AMO”

A criança se estremeceu, dando passos pra trás assustados, com todo aquele texto que tinha aquelas declarações escritas em vermelho. “ERA HORRÍVEL” — Ele pensou, não antes de notar que a a figura do quadro havia sumido, sentindo em seu pescoço um ar pesado, só pode congelar e espiar pela fresta de um espelho quebrado a figura esquia com sua wagasa apoiada no ombro, seus olhos o perfuravam enquando derramava lágrimas pesadas.

—Me desculpe. — O homem esguio suplicava.