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No estado lamentável que vivia tempos atrás, Pérola jamais vislumbrara a possibilidade de uma interação autêntica e sincera com a gata; nada que ultrapassasse os limites de saudações e palavras formalmente trocadas. Sua relação de amizade se deu início quando Suçuarana a resgatou no meio da noite, em um canto muito longe do acampamento e que Pata de Pérola escolhera para passear e explorar por si só.

Desde então, a presença conjunta das duas tornou-se cada vez mais frequente, sendo a cada dia mais e mais vistas juntas. Durante grande parte de seu período como aprendiz, Suçuarana compartilhara com Pérola os mistérios da floresta, revelando-lhe seus segredos mais íntimos. Mesmo que não tivesse ensinado a menina a lutar ou caçar, Pérola valorizou imensamente seus ensinamentos sobre a fauna e a flora.

Fazia um calor escaldante e abafado no dia em que Pata de Pérola encontrara Camélio, com o corpo esmarrido no meio de uma poça seca e rachada onde a luz do sol batia fortemente. Para sua sorte, a menina já teria tido mais contato com outros pequenos animais, e logo soube como tratar do anfíbio. Ela o proveu sombra com o próprio corpo, e quando ele se reanimou, o levou até uma poça cheia.

Depois disso, Camélio passou a depositar mais confiança na menina e deixou de fugir dela conforme os dias se passavam. Logo então ganhou seu nome, transformando-se em seu parceiro de viagem; e por ser um sapo-cururu, Camélio detesta o sol tanto quanto Pérola. Isso só fez os dois se unirem ainda mais para passeios ao anoitecer.

É comum vê-lo se pendurando em meio aos galhos da saída do acampamento, aguardando pela amiga. E por mais que seja visto como presa pelos gatos do Arani, ele não os teme tanto quanto os demais, podendo depositar sua confiança em outros gatos se Pérola achar que deve. Ele é um amigo leal e verdadeiro, e apesar de não conseguir se comunicar verbalmente com a menina, Pérola do Oceano demonstra compreendê-lo, curiosamente.

Seus pais sempre foram tudo para ela, e por um longo tempo, seu maior refúgio dos comentários maldosos durante sua juventude. E à medida em que crescia, Pata de Pérola tornou a sentir constrangimento ao estar do lado de seus pais em público. Soava vergonhoso tê-los como seus protetores, principalmente quando se esforçavam para afastar aqueles que a atormentavam. Pérola detestou por muito tempo a ideia de precisar de auxílio para escapar de situações difíceis, o que apenas alimentava o fogo das piadas cruéis.

Quando finalmente amadureceu, Pata de Pérola notou o quanto havia sido estúpida por evitar o cuidado de seus pais, culpando-se de suas ações por um longo tempo. E mesmo que ainda não disponha total confiança para compartilhar de seus problemas com eles, Pérola os ama e os considera demais.

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Se existiu algum momento em que seu próprio irmão fora meigo com ela, Pérola não se recorda. Desde crianças, os dois sempre tiveram uma relação muito turbulenta, onde Pata de Areia sempre descontava seu ciúme e raiva na meia-irmã.

Seus comentários e piadas maldosas continuaram a impactando até criar a maior idade, onde finalmente o dera uma lição. Desde esse dia, ela e o meio-irmão não tiveram mais alguma interação que ultrapassasse falas formais.

Pérola teve muitos mentores, e Rasgo de Gavião fora o seu segundo. Foi após um grande desentendimento entre os dois, após a menina ter sida alvo de piadas de mal gosto por ele, que Suçuarana o designou seu mentor. Mesmo que muito descontente e infeliz, os dois tiveram de começar a seguir uma sessão de treinamento imposta pela líder - e assim como mandado por ela, Pata de Pérola cumpria seus deveres como pupila.

Mas o tempo fez com que os dois tratassem suas diferenças como se fossem iguais, e pouco a pouco, começaram a aprender mais com a identidade do outro, até que virassem amigos. Apesar de Rasgo de Gavião sempre ter tido uma personalidade mais zombeteira e cruel, tanto ele quanto ela desenvolveram afeições um pelo o outro.

Mas então, assim como uma briga deu caminho para o início de uma amizade, ela a finalizou. Após isso, Rasgo de Gavião deixou de comparecer as sessões de treinamento, até acontecer outra discussão dos dois. Na época, a menina deixou de considerá-lo como amigo após ouvir palavras tão duras. Pérola desistiu dele, e não muito tempo depois, Gavião fora impedido de continuar a treiná-la.